Se dúvidas houvessem quanto ao facto do actual
Executivo actuar reactivamente, atente-se aos factos relativos aos incêndios
rurais.
Em 2016, depois de um deixa andar, eis
que o ano regista valores acima da média, em termos de área ardida e de
destruição de património. Já nem vale a pena argumentar com a depreciação do
território. Facto, facto é que de travão à epidemia de exóticas só discurso,
zero de acção. No período pós-estival, o verbo conjugado foi reformar. Da cartola
saiu um pacote de 12 medidas, entre as corriqueiras e as inovações em
continuidade. Houve até oportunidade para brincar às estatísticas, com o relatório
nacional de segurança interna a apresentar a sua versão de áreas ardidas.
Em 2017, começou com o Governo a
conjugar os verbos nomear e cativar. Havia que pagar favores, fosse aos de
confiança, fosse para ganhar confiança. Mudou-se o “cérebro” na ANPC em Maio. O
défice sobrepõe-se ao território. Pior, às suas populações. Depois foi o que se
conhece. Junho, contudo, não serviu de lição. Continuaram os vícios de atender
ao défice e de fazer alastrar epidemias no território,. A "reforma", no essencial, passou para a esfera do Parlamento. Quiçá, propositadamente! Veio o Outubro vermelho, para tornar o território ainda mais negro. Lá houve que reagir. Veio outro verbo, o exonerar. Mas, será
que 112 vítimas mortais, centenas de feridos, milhares de animais mortos, habitações e infraestruturas
destruídas, território dizimado, mudaram alguma coisa?
Assim parece, houve reacção! Em 2018, o verbo a conjugar passou a ser
desresponsabilizar. O Governo, num passa culpas, quer executar em dois meses o
laxismo da governança de 12 anos. Aliás, de 21 anos. Moveu uma perseguição a
quem tem pensões de miséria e a quem foi forçado a migrar e emigrar. Já estão
fracos, a coisa fica mais fácil. De caminho, como as Autárquicas ocorrem depois
das Legislativas, os Municípios apanham por tabela. Numa procura forçada, não
se precaveu a especulação. As operações de limpeza das faixas de gestão de
combustível equiparam-se, em custos, às coimas anunciadas em modo de "terrorismo" pela Autoridade Tributária. Pior, na sequência de um diploma legal
avulso, surgiu uma campanha de dendrofobia. O deserto não arde (será?), mas nós ardemos nele.
Contudo, nem em 2016, nem em 2017, nem
mesmo em 2018 e também em 2019, se regista travão à expansão na lenhicultura de exóticas. Isto, apesar de uma tendência crescente destas na área ardida. Até mesmo as áreas de matos, apesar de em franca expansão no País, registam um decréscimo de tendêndia na área ardida total.
Mais, de valorização do Interior, a
receita é a de mais do mesmo. Na prática, assiste-se ao esfumaçar de anunciadas boas intenções.
Mas, já que o Governo funciona a
reacção, que tal fazer o desafio de registar em 2018 uma área ardida total com valores de
2014! Ou de 2008, para atenuar o factor partidário. Será que o Governo reage?
Mas, para isso, a coisa não vai lá com a criação de faixas de deserto de alguns metros.
O melhor será colocar as Forças Armadas em acções de vigilância e detecção. E,
a começar já e até final do ano. Em 2019 haverá Legislativas. Fica o desafio!