segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Outra vez os manifestos.


No passado sábado, o semanário Expresso, noticiava que um grupo de 21 personalidades pretende entregar no Parlamento e ao Governo mais um manifesto, desta vez intitulado “Outra vez os incêndios florestais”.

Sendo meritória a participação cívica em prol das florestas, consubstanciada em numerosas ações nos últimos tempos, indubitavelmente associadas ao estado de degradação a que se assiste neste importante património nacional, importa contudo não desvalorizar o histórico recente.

Nos últimos 30 anos, o País assistiu ao declínio da atividade silvícola nacional, traduzida em registos do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da própria autoridade florestal nacional, atualmente designada Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Ao crescente peso da indústria transformadora pesada florestal na economia portuguesa, tem correspondido um decréscimo de peso da produção florestal nacional, situação insólita já que seria de esperar que esta última seria o suporte das várias fileiras silvo-industriais.



Perante isto, ao longo das últimas décadas, o Estado não foi capaz de exercer uma função reguladora básica, inclusive de salvaguarda dos recursos naturais do País. A par do decréscimo da atividade silvícola, aliás como da agropecuária, o País assistiu à continuação do êxodo rural, bem como ao avanço da desertificação, com consequência ambientais, sociais e económicas, sobretudo nas regiões mais desfavorecidas.

Saudando assim os manifestos em prol das florestas, vislumbra-se no caso em concreto uma aparente mea culpa por parte de alguns dos signatários da presente iniciativa, ex-responsáveis políticos e ex-dirigentes de organismos da Administração Pública com funções de autoridade florestal nacional.