No
passado sábado, o semanário Expresso, noticiava que um grupo de 21 personalidades
pretende entregar no Parlamento e ao Governo mais um manifesto, desta vez
intitulado “Outra vez os incêndios florestais”.
Sendo meritória a participação cívica
em prol das florestas, consubstanciada em numerosas ações nos últimos tempos, indubitavelmente
associadas ao estado de degradação a que se assiste neste importante património
nacional, importa contudo não desvalorizar o histórico recente.
Nos últimos 30 anos, o País
assistiu ao declínio da atividade silvícola nacional, traduzida em registos do Instituto
Nacional de Estatística (INE) e da própria autoridade florestal nacional,
atualmente designada Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF). Ao crescente peso da indústria transformadora pesada florestal na
economia portuguesa, tem correspondido um decréscimo de peso da produção
florestal nacional, situação insólita já que seria de esperar que esta última
seria o suporte das várias fileiras silvo-industriais.
Perante isto, ao longo das últimas
décadas, o Estado não foi capaz de exercer uma função reguladora básica,
inclusive de salvaguarda dos recursos naturais do País. A par do decréscimo da
atividade silvícola, aliás como da agropecuária, o País assistiu à continuação
do êxodo rural, bem como ao avanço da desertificação, com consequência
ambientais, sociais e económicas, sobretudo nas regiões mais desfavorecidas.
Saudando assim os manifestos em
prol das florestas, vislumbra-se no caso em concreto uma aparente mea culpa
por parte de alguns dos signatários da presente iniciativa, ex-responsáveis políticos
e ex-dirigentes de organismos da Administração Pública com funções de
autoridade florestal nacional.