Depois de uns passeios
pelo voluntarismo e após a insistência no protecionismo costumeiro, assumindo
fraturas, a ministra Assunção Cristas redescobriu as Zonas de Intervenção
Florestal (ZIF).
Isto acontece após dois
anos e meio de mandato. Pretende agora a ministra dar operacionalidade ao que
está previsto desde meados de 2011 no programa do Governo? Bom, mais vale tarde
do que nunca, dirão alguns.
A ministra assume agora
publicamente a aposta neste modelo de gestão da floresta cultivada privada.
Aposta até num reforço das competências das entidades gestoras das ZIF. Fazendo
bem feito, nada contra, muito pelo contrário, como aliás tenho defendido nestes
dois anos e meio de ZIFamnésia ministerial.
Fazer bem feito
entenda-se, produzir alterações que não venham a causar um acréscimo de recurso
aos tribunais, para a resolução de conflitos de propriedade.
Mas, vamos ao essencial.
Como pretende a ministra
que o modelo das ZIF seja financiado?
- Terá na base modelos de
negócios rentáveis, suportados na produção de bens e na prestação de serviços
decorrentes de relações vantajosas para as partes intervenientes, incluindo os
contribuintes? Atuará sobre os mercados em concorrência imperfeita, acompanhando-os?
Apostará no reforço do apoio técnico à produção e na ligação desta com a
investigação? Imporá garantias para a sustentabilidade dos recursos naturais e
o bem estar das populações rurais?
Ou,
- Terá por base o
tradicional recurso aos contribuintes, que generosamente e sem retorno
económico têm pago parte significativa das florestações e da gestão das
florestas no último quarto de século, bem como assumido os prejuízos
decorrentes dos incêndios florestais? Ou seja, continuará a apostar no status quo de favorecimento de interesses
financeiros de certas empresas da praça?
Esta última opção tem
produzido os resultados conhecidos.
Por último, a ministra
deveria ter vergonha, não é por insistir na mentira que ela se torna verdade. O
setor florestal não representa hoje 3% do Produto Interno Bruto (PIB), isso
ocorreu no ano 2000, de lá para cá esse valor percentual decresceu cerca de 40%
(sendo que o próprio PIB também contraiu). Mais do que a insistência no número
3, será preciso um esforço maior, senhora ministra, para reverter este declínio
e a senhora já perdeu dois anos e meio.
(Publicado na Vida Rural, em http://www.vidarural.pt/news.aspx?menuid=8&eid=7793&bl=1)