A ministra da Agricultura e o seu secretário de Estado
das Florestas, numa prática costumeira pré-estival, apareceram no início de
maio a anunciar a disponibilização de 3 milhões de euros para reforço das
equipas de sapadores florestais. Para ser mais preciso, de acordo com a Imprensa,
o dinheiro terá por destino a aquisição de novos equipamentos até ao final do
ano.
No argumentário político é realçado o empenho do Ministério
e o esforço do mesmo para cativar esta verba. Bom, mas esta verba não decorre das
receitas previstas para o Fundo Florestal Permanente, constituída pela taxa que
nos cobram no consumo de produtos petrolíferos e energéticos? Esta verba não
vem do plano de assistência financeira ao país, não há Troika nisto, só “gregos”..
Confesso que fui tentado a alguns comentários a propósito
deste caso antes das Eleições Europeias, mas não me quis envolver em campanhas.
Todavia, chegou o momento, agora livre de demagogias pré-eleitorais. Vejamos
pois:
A oportunidade temporal do anúncio é relevante. Não
ocorreu no final do período estival do ano passado, ou mesmo no inverno. Ou
seja, quando os sapadores florestais desenvolvem grande parte do seu esforço em
prevenção aos incêndios. Onde a tese do reequipamento faria sentido. Não, o anúncio
foi feito em maio e antes da campanha eleitoral.
Tentando desvalorizar a associação à campanha eleitoral,
vamos ao resto.
Terá a equipa ministerial a intenção de transmitir
segurança às populações quando se avizinha mais um período estival? Com um anúncio
em maio, repito em maio? Com potenciais aquisições de equipamento a fornecer até
final do ano? Ou seja, já depois do período crítico de intervenção em vigilância
e primeiro combate por parte dos sapadores florestais?
Não me parece que a transmissão desse sentimento de
segurança às populações seja o objetivo. Terei mesmo de me encaminhar para a
propaganda eleitoralista.
Não será este um caminho perigoso? Bom, talvez não, como
referiu um ex-primeiro-ministro, o povo é sereno (ou talvez não, a ver pelos
resultados eleitorais).
Acresce o facto deste anúncio ocorrer quase em simultâneo
com críticas chegadas a público, nas quais se refere que o Ministério nem tem
conseguido garantir os seus compromissos financeiros anteriores ao agora propagandeado
reforço dos 3 milhões.
Sinceramente fico com muita pena, o País merece
dirigentes políticos de outro calibre, não esta gente de expedientes partidários,
demagógicos, populistas.
Do meu ponto de vista, se é para reequipar, reequipe-se,
anuncia-se depois.
Sinceramente, não acredito, nem tenho paciência para
estes anúncios de pré-aviso, de concretização duvidosa. Pior, quanto e quantas
vezes os milhões têm sido anunciados sucessivamente, os mesmíssimos milhões. No
caso presente, não será de admirar se estes voltarem à baila num pacote a
anunciar em período pós-estival. A rotina é já conhecida. Só a Imprensa cai
nela. Cai porque pensa que lhe serve no plano comercial.
Fazer das florestas um terreiro para o populismo é
brincar com o fogo.