Algumas correções
prévias às afirmações da ministra da Agricultura:
- O setor florestal já representou 3,0% do PIB, mas no ano 2000, em 2010 não passava dos 1,8%;
- As exportações do setor florestal representam hoje pouco mais de 9% das exportações nacionais, mas já representou 12%;
- O setor florestal nacional representa hoje menos de 100 mil postos de trabalho, mas no passado já foram diagnosticados 259 mil postos de trabalho.
Assim, mais do que
propagandear os números do presente, importa diagnosticar as causas para as
quedas registadas face aos números do passado.
Estarão as várias
governações a tomar as medidas mais adequadas em matéria de política florestal,
de desenvolvimento rural, industrial, ambiental e de ordenamento do território?
Pela análise histórica dos vários indicadores disponíveis, parece que não.
Mas, algo mudou nos
últimos três anos? Nada, nadinha que mereça o mínimo relevo.
Afirma ainda a
ministra da Agricultura que os Portugueses conhecem pouco da riqueza que as
florestas podem proporcionar, associando-as geralmente às épocas estivais,
aquando dos incêndios florestais. Este é um facto indesmentível, mas o que tem
feito a ministra para contrariar este facto?
- Tem assumido as suas responsabilidades para com aqueles que detêm a esmagadora maioria das superfícies florestais portuguesas?
- Tem dado o seu contributo para a redução do êxodo rural?
- Tem assumido posição firme para que sejam ultrapassados os desequilíbrios que há muito têm caraterizado os mercados de produtos florestais?
A mera aposta em
ações de propaganda não chega, é preciso mexer nos dossiers difíceis, agitar as
águas, pôr em causa os interesses instalados e que têm prejudicado severamente as
estatísticas que a ministra tanto gosta de realçar.
É o próprio
Ministério da Agricultura que reconhece que, entre 1995 e 2010, as florestas em Portugal registaram uma diminuição da
sua área em -4,6%.
O Ministério
reconhece ainda que o VAB silvícola em volume registou uma diminuição de 18% em
2011 face ao ano 2000 (média anual -1,8%). Que na evolução do VAB em valor,
esta tendência resulta ainda mais acentuada, diminuindo 24,2% na década (média
anual de -2,5%), verificando-se, também neste setor, alguma degradação dos
preços implícitos no produto.
O Ministério
diagnostica ainda que o emprego na silvicultura tem vindo a diminuir na última
década: redução de 13,2% de 2000 a 2011 (-1,3% em média anual).
Mais, o
Ministério da Agricultura constata ainda que o rendimento do setor, medido pelo
rendimento empresarial líquido, tem vindo a diminuir na última década, entre
2000 e 2011, -3,5% em média anual, em resultado da forte degradação dos preços
da produção silvícola face ao que se verificou nos preços dos consumos intermédios.
Parece assim
que o simples envolvimento de todos não é suficiente. É necessário um envolvimento
sério e consequente do próprio Ministério, o inventivo prioritário ao
envolvimento dos agricultores, dos proprietários florestais e das populações
rurais, designadamente através da contenção do êxodo rural e da criação de
condições (equilíbrio dos mercados) para que nas florestas se gerem negócios
sustentados economicamente, sustentáveis ambientalmente e socialmente
responsáveis.
Os
Portugueses já estão demasiado envolvidos nos problemas que o Poder Político
não quer, ou não consegue conter. Seja ao assumir os encargos anuais com os
incêndios florestais, seja ao contribuir para apoios às florestas que não lhes
aportam retorno económico, social ou ambiental, como infelizmente comprovam os
resultados obtidos com os apoios da PAC e dos vários OE às florestas nos
últimos 28 anos.
Talvez
a grande ação a que a ministra faz referência, não seja a grande ação que o
país necessita.