A
Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural promoveu a 10 de
fevereiro uma sessão de um conselho de consulta sobre matéria de política
florestal criado pelo Decreto-lei n.º 29/2015, de 10 de fevereiro. Ora, a
justificação, avança em comunicado a Secretaria de Estado, teve por objeto
enaltecer a data, isto por perfazer um ano sobre a publicação do diploma. Mas
então, qual a razão para não ter promovido a sessão no próximo 17 de fevereiro?
Sempre se poderia associar à comemoração de 19 anos e 6 meses sobre a
publicação da Lei de Bases da Política Florestal, Lei n.º 33/96, de 17 de
agosto, que institui, no seu Artigo 14.º, o Conselho Consultivo Florestal. A
Lei, que não um mero decreto governamental, até foi aprovada por unanimidade na
Assembleia da República.
Vamos
a factos históricos.
O
Conselho Florestal Nacional (CFN), criado em 2015 pelo tal decreto do anterior
governo, numa clara demostração de desprezo pela Lei de Bases, não é mais do
que um “concorrente” ao Conselho Consultivo das Florestas (CCF), este sim criado
pela Lei de Bases, à data de 1996 também aprovada pelo PSD e pelo CDS (talvez
na altura ainda não PP).
A Lei, reforça-se, aprovada por unanimidade no Parlamento, decorreu
de uma iniciativa de um governo do Partido Socialista, na altura liderado pelo
Eng. António Guterres. À época, o atual Secretário de Estado das Florestas e do
Desenvolvimento Rural era tão só o Subdiretor Geral das Florestas. Presume-se,
pois, que tenha tido um envolvimento direto no processo de elaboração e de discussão
pública da Lei. Aliás, na altura, a Direção Geral das Florestas promoveu uma
larga iniciativa de discussão da Lei em Tróia, iniciativa que envolveu a quase
totalidade dos agentes do setor florestal.
No
que respeita à composição do Conselho Consultivo Florestal, de acordo com o disposto
no Artigo 15.º da Lei de Bases, foi já mais tarde, por iniciativa do então
Ministro Capoulas Santos, que ficou definido quem e por que justificação legal
integrava o Conselho. Mais, a primeira reunião deste órgão consultivo do
Ministro da Agricultura, para consulta sobre matérias de política florestal,
foi presidida pelo então e agora Ministro, Dr. Capoulas Santos.
Ora,
seria expectável que agora, num governo do Partido Socialista, fosse enaltecido
o seu papel na aprovação da Lei e no funcionamento do Conselho Consultivo que
esta criou. Não! A atual Secretaria de Estado das Florestas e do
Desenvolvimento Rural preferiu renegar o passado construtivo, optando por enaltecer
o que o veio, de forma grosseira, tentar aniquilar. Vá-se la entender!
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