terça-feira, 8 de março de 2016

100 dias de Governo, 100 dias nas florestas

Decorridos 100 dias em funções, qual a avaliação possível às medidas de política florestal do governo?

Avaliação positiva é de destacar logo nos primeiros dias da atual governação, com a revogação, anunciada pelo Ministro da Agricultura, do Decreto-Lei n.º 9/2013, de 19 de julho. O facto é meramente simbólico. No plano administrativo e técnico existem aspetos deste diploma que se deverão manter num próximo. Do ponto de vista político, o simbolismo advém do facto, que poderá ser apenas aparente, veremos, do poder político dar sinal de se sobrepor ao económico. A aparição deste decreto em 2012 teve uma forte e inadmissível vinculação à Mitrena, condicionando logo à nascença o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, que dúvidas existem se tem funções de autoridade florestal nacional.

Avaliação negativa ocorre da reunião de um, quiçá ilegal, Conselho Nacional da Floresta, promovida em ato comemorativo pelo Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural. Um ato que aparenta violar a Lei de Bases da Política Florestal, que cria o Conselho Consultivo Florestal. Uma trapalhada do Partido Político que esteve na origem da discussão e aprovação da Lei, mas que tem simultaneamente o maior histórico de a torpedear.

Preocupante é ainda o que versa sobre política florestal no Relatório do Orçamento do Estado para 2016. Num país em que 98,4% da área florestal é não pública, o termo "rendimento" nem uma vez é encontrado. Carece, pois, de um "upgrade", a aguardar que surja em período de discussão na especialidade. Para já a avaliação só pode ser negativa.

Aos 100 dias da governação, o Primeiro-Ministro anuncia a criação da Unidade de Missão para a Valorização do Território, Este é uma iniciativa da maior importância para um país essencialmente de floresta privada e onde as medidas e os instrumentos de politica florestal têm de estar vinculadas às pessoas, às populações rurais, e ao conjunto vasto de oportunidades de negócios que lhes permita uma elevada qualidade de vida em meio rural. As florestas não subsistem se não agregadas a outros negócios rurais, estes de investimento com retorno a mais curto prazo, que possibilitem aguardar pelas receitas da produção de bens e da prestação de serviços nos espaços florestais. A iniciativa e muito positiva e tanto mais o será quanto maior for a abrangência que venha a consolidar no espectro político-partidário. Desejam-se os maiores sucessos, mais ainda num país até agora incapaz de, em Democracia, conseguir estancar o êxodo rural e o avanço da desertificação.

Assim, no período dos 100 dias, nos extremos registam-se acontecimentos positivos, entremeados por uma ocorrência inoportuna e por uma outra a carecer de melhoria.


Sem comentários:

Enviar um comentário