quinta-feira, 7 de março de 2013

Plantar eucaliptos é um bom negócio em minifúndio?

Um proprietário florestal em regiões de minifúndio, não incluído numa área de gestão agrupada, se tentado a arborizar a sua propriedade com eucalipto, deve atender aos seguintes tópicos:

- A assistência técnica?

Nem o Estado, nem entidades privadas garantem apoio técnico e comercial assíduo a produtores em minifúndio, isto ao longo de todo o ciclo produtivo, salvo talvez raras excepções. O produtor florestal em minifúndio está por sua conta e risco, quer na instalação, quer na condução cultural e mais ainda na avaliação comercial da sua produção.

- O mercado?

O mercado da rolaria de eucalipto dispõe apenas de dois clientes industriais, está totalmente concentrado, sendo impossível o acesso directo de um produtor de minifúndio ao cliente industrial. O Estado abstém-se de intervir no acompanhamento das relações comerciais no sector florestal, deixando o produtor florestal de minifúndio por sua conta e risco, sem garantias mínimas de rentabilidade do seu negócio.

- Os preços?

A tendência é de queda (2000-2010). Apesar das subidas na década de 90, o decréscimo do preço da rolaria de eucalipto à porta da fábrica é notório ao longo das últimas três décadas (1975-2005). Os preços são determinados exclusivamente pelos clientes industriais. Pelo contrário, os consumos intermédios têm sofrido aumentos consideráveis, sobretudo ao nível dos combustíveis e energia.

- Os encargos finais?

A produção de madeira de eucalipto é comparável à exploração de uma pedreira. No final do ciclo produtivo há que considerar os custos associados à recuperação dos solos, seja para uma rearborização ou para outros usos. Tem assim de entrar em conta com os encargos inerentes à operação de arranque e remoção dos cepos, com valores consideráveis. O abandono de eucaliptais comporta custos sociais elevados, designadamente os decorrentes dos incêndios florestais.

Em síntese:

A pretexto da simplificação administrativa, a proposta do Ministério da Agricultura de alteração legislativa às acções de arborização com o eucalipto em minifúndio, sem apoio técnico e sem regulação de mercado, é um presente envenenado aos produtores florestais em minifúndio.



Pior, é uma rasteira à Sociedade.