O dr. Fernando Ulrich, presidente da Comissão Executiva do BPI e do Conselho de Administração do Banco de Fomento de Angola,
insurgiu-se há dias contra o discurso dos governos a favor das PME e não em
prol das grandes empresas. Atendendo ao passado do dr. Ulrich até não
é de estranhar, pessoal ou familiarmente com ligações a grandes
empresas.
Em todo o caso, não devera o dr. Ulrich ficar
preocupado com os discursos governamentais, pois se as palavras são em prol das
PME, as práticas da governança têm sido extraordinariamente favoráveis às
grandes empresas. Atente-se a propósito ao protecionismo do Estado a grandes
empresas (antes públicas, agora privadas ou em vias) em setores vitais da
Economia, às grandes obras rodoviárias, às ferroviárias a meio gás, às grandes
infraestruturas anunciadas (portos e aeroportos) , aos benefícios fiscais de
muitos milhões de euros que são concedidos pelo Estado, tudo isto em investimentos
que o setor financeiro gosta de financiar, mesmo que depois tenha de recorrer ao
apoio dos contribuintes.
Veja-se a propósito o caso no setor
florestal, onde ainda há uns dias o governo protagonizou mais um “favor” a uma
grande empresa, mesmo sabendo que o mesmo pode causar sérios problemas
ambientais, sociais e económicos no futuro próximo e que são as PME que
suportam a Economia Florestal. E que, o desaparecimento nos últimos 20 anos de
muitas PME de base florestal tem implicado no declínio progressivo da atividade
silvícola, na queda do peso do VAB e no decréscimo acentuado do peso do setor silvo-industrial
nacional no PIB, mas isso pouco parece importar na hora das decisões.
O próprio BPI, presidido pelo dr. Ulrich, tem protagonizado um controverso
desempenho no setor florestal. Se há uns anos atrás esteve envolvido num estudo
estratégico sobre o setor, em parceria com uma consultora nacional e uma
internacional, mais recentemente envolveu-se diretamente no processo de “desaparecimento”
da principal organização nacional representativa dos produtores silvícolas, a
Federação dos Produtores Florestais de Portugal – Conselho Nacional da
Floresta, ao que consta com um considerável prejuízo para o próprio banco,
recentemente objeto de apoio do Estado.