Já está! Foi dada luz verde aos 40 mil hectares de eucaliptos, isto precisamente um ano e quinze dias depois da reivindicação pública. Aguardam.se agora os 15 mil novos empregos (melhor arranjar um banco para a espera).
O Conselho de Ministros aprovou, na sua última sessão, no passado dia 30 de maio, o decreto que liberaliza a arborização e rearborização com eucalipto, com impacto especial em minifúndio (áreas até 2 hectares).
Em adequadas condições edafoclimáticas, respeitando as melhores práticas silvícolas, nada a opor à cultura. Todavia, as melhores práticas silvícolas dependem de conhecimento ou de assistência técnica, bem como do financiamento à sua concretização, ou seja, que o negócio da produção de madeira de eucalipto seja rentável. Ora, uma é praticamente inexistentes em minifúndio, a outra não é assegurada por um mercado afunilado, onde são evidentes os indícios de concorrência imperfeita. Afunilado quer ao nível do número de compradores finais no mercado da rolaria de eucalipto, com apenas dois operadores, sendo que um deles domina claramente o mercado nacional (a acima identificada), quer ao nível das opções de uso do produto (madeira de eucalipto), já que não são criados, com a complacência governativa, outros mercados para a madeira desta espécie lenhosa (madeira para serração, biomassa para energia e, eventualmente, produção de celulose para biocombustível).
O risco de engano, por parte dos investidores em arborizações e rearborizações com eucalipto em minifúndio, é demasiado grande. Sem apoio técnico nem garantias mínimas de mercado concorrencial, se estes falharem no negócio, todos nós cidadãos seremos chamados a reparar os danos (decorrentes dos catastróficos incêndios, mais facilmente propagáveis com o abandono da gestão florestal, esta última motivada pela quebra de rentabilidade do negócio nadeireiro).
Se os riscos deste "apoio" governamental à empresa papeleira são visíveis a qualquer leigo, não o é para os governantes.