Para
atenuar o problema dos incêndios florestais em Portugal, uma estratégia parece
ser simples de definir e implementar.
O
país caracteriza-se por possuir 98% das suas superfícies florestais na posse de
proprietários privados, esmagadoramente famílias, centenas de milhares delas.
Quando
os proprietários (privados) são subjugados pelos técnicos, ao invés de prestarem
apoio especializado, o problema agrava-se. Os detentores dos terrenos são quem
toma decisões sobre eles, não são os técnicos.
Quando
os políticos se sobrepõem, em questões técnicas, aos técnicos, o problema
agrava-se definitivamente.
Quando
os políticos se deixam condicionar por interesses financeiros externos à
floresta, o problema foge ao controlo.
E
que tal reenquadrar as posições de cada um destes grupos?
Vejamos
o caso das florestas das Landes, em França, uma região com a maior mancha de
pinhal no sul da Europa, numa extensão de cerca de 1 milhão de hectares, onde
em 2011 arderam 1.100 hectares e em 2012 cerca de 1.000 hectares (só na Serra
do Caramulo, longe de possuir 1 milhão de hectares de extensão, arderam mais de
5.000 hectares, não num ano mas em meia dúzia de dias). E qual a diferença para
o caso português? Simples, "...les
propriétaires forestiers se sont regroupés pour former des associations
syndicales de Défense des Forêts Contre l'Incendie (D.F.C.I.). Chaque propriétaire participe aux
différents aménagements en payant une cotisation à l'hectare."
Haverá sempre outros caminhos
possíveis, como colocar reclusos a limpar florestas, aumentar as penas para os
incendiários, manter o circo mediático estival, com os protagonistas de sempre.
Protagonistas que, não sendo proprietários florestais, jamais conseguirão nada
de concreto para além de fazerem carreira em palcos de oportunidades e populismo.