sábado, 12 de outubro de 2013

O azedume inconveniente.

De há muitos anos que considerei uma virtude pessoal, muito acima da média, a facilidade com que João A. M. Soares conseguia traçar uma bissetriz entre posições aparentemente opostas sentadas à volta de uma mesa. Tive o privilégio de assistir a alguns desses momentos.

Todavia, as últimas intervenções têm-me dececionado. Um recente comentário quase arrasou esta minha admiração. È certo que nem todo o vinho tem o comportamento atribuído ao Vinho do Porto, algum dele azeda com o tempo. Pode também tratar-se de um dia mau, fica a dúvida.

Em todo o caso, no que a esse comentário respeita, o Heinrich Himmler não passou de um carniceiro, um interesseiro cão de fila. Já o dr. Joseph Goebbels, esse sim, teve a capacidade de instrumentalizar as populaças, com uma metodologia que influenciou outros regimes de vontades próprias, de quadrantes políticos aparentemente tão díspares como o estalinismo e o salazarismo.

Mas, o que é importante de facto é que o setor florestal português é um verdadeiro tigre com pés de barro, onde parecem imperar algumas vontades próprias, além do mais protegidas por quem deveria zelar pelo interesse comum.

Sendo aparentemente certo que a indústria papeleira contribui para o reforço do valor bruto das exportações nacionais, a questão é por quanto tempo isso irá durar, já que o consegue à custa do esmagamento de outros agentes económicos, sobretudo sobre aqueles que fornecem a matéria prima básica á sua existência.


Ao invés de uma estratégia de partilha (e não me refiro a uns apoiozinhos a associações de proprietários florestais - muito tecnocratas e nada comerciais), a principal empresa da setor industrial papeleiro investe, desde pelo menos à uma década, numa política egoísta, de reforço das importações e do abstencionismo na gestão florestal.

Infelizmente, a indústria papeleira aposta em matar a galinha dos ovos de ouro. No futuro, ou reajusta a sua estratégia, ou se deslocaliza ou definha. Por outro lado, as populações sempre podem migrar (como aliás tem acontecido), mas o Território não se deslocaliza.