quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Gomes da Silva vai à Noruega

De acordo com notícia desenvolvida pela TSF, o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural vai visitar a Noruega.

Foram enunciados dois objetivos para esta viagem: (1) a intenção do governo português em desenvolver um fundo de investimento florestal e a (2) apresentação aos noruegueses dos sucessos alcançados por Portugal em matéria de defesa da floresta contra incêndios.

Da última vez que estive na Noruega apercebi-me do que é a concretização de uma política florestal de Estado (ao invés da nossa que assenta em protecionismos de Estado).

Espero sinceramente que o secretário de Estado de Portugal consiga aprender bom ensinamentos, não apenas em matéria de fundos financeiros, mas sobretudo ao nível:

- do funcionamento dos mercados de produtos florestais;
- da organização da produção florestal;
- do apoio técnico aos produtores; e,
- da responsabilidade social e ambiental dos agentes silvo-industriais.

Quando voltar não esqueça contudo um fator decisivo: nós somos latinos. Não importe ideias, seja capaz de as adaptar (um exercício mais complicado).

Contudo, analisemos em concreto os dois objectivos apresentados na reportagem radiofónica para esta deslocação.

Quanto à criação de um fundo de investimento florestal, que o secretário de Estado garante que não terá por origem a cobrança de mais taxas, pergunta-se: o que é afinal o Fundo Florestal Permanente criado pelo Governo de Portugal em 2003? Ah, criou entretanto clientelas outras que importa agora manter? Desvirtuou-se e não há coragem política para o fazer regressar aos moldes originais? Vai então, cria-se outro. E como se garante que este novo também não se desvirtuará no futuro próximo?

Quantos os resultados em matéria de defesa da floresta contra os incêndios, para aprender, o secretário de Estado poderia encurtar os custos da viagem, poderia ficar-se pela região francesa da Aquitânia. Traria com certeza bons ensinamentos e promoveria menos encargos para os contribuintes. Mas, se é efetivamente para transmitir aprendizagem, a desenvolvida por Portugal, creio que um email com duas imagens enviado ao Reino da Noruega seria suficiente:

- A dos resultados estatísticos:


A diferença entre 2003 e 2013, que o secretário de Estado alega, resulta de puro milagre.

- A dos resultados no terreno:



O País tem muitos produtos e serviços que pode e deve exportar cor orgulho. Tem também bons especialistas em matéria de defesa da floresta contra os incêndios, designadamente nas Universidades. Mas querer exportar a política portuguesa de defesa da floresta contra os incêndios parece bizarro.

Era escusada a viagem. Nós por cá podemos sempre prestar consultoria prévia.


(Fonte_ TSF, em http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=3632600)