De início importa mencionar a nossa profunda convicção
de que nunca será no combate que a problemática dos incêndios florestais será adequadamente
atenuada. O histórico das estatísticas assim o comprova.
A causa da problemática associada aos incêndios está
nas florestas, concretamente no uso que delas fazemos (ou não fazemos), na
forma como estão organizados os seus detentores e como se comportam os demais
agentes nas fileiras silvo-industriais, ou melhor, na forma como funcionam os
mercados.
Neste domínio, a que se pode abreviadamente designar
por prevenção, a intervenção política ao longo das últimas décadas, com os
últimos três anos incluídos, tem sido deprimentemente medíocre.
Todavia, tal facto não obvia a uma análise ao
comportamento político também na área do combate aos incêndios florestais.
Vejamos aqui especificamente o caso dos meios aéreos.
São históricos os avanços e recuos na utilização de equipamentos
militares no combate aos incêndios florestais. O caso dos helicópteros Puma, nos
anos mais recentes, é uma triste ilustração. Ora viável, ora inviável, acabou por
cair de podre.
Ao longo dos anos, os concursos para aluguer pelo Estado de meios aéreos para combate aos incêndios florestais têm também evidenciado situações caricatas.
Mas, ultimamente a situação resvala para o ridículo.
Por um lado, o ministro Miguel Macedo anuncia a
intenção do governo na aquisição de aviões Canadair (já dizia o diplomata
americano que, nós por cá gostamos de brinquedos caros).
Por outro, o ministro Aguiar-Branco faz saber das suas
“conversas exploratórias” com a Airbus para a adaptação, em projeto a
desenvolver em conjunto com a Força Aérea Portuguesa, dos C-295 ao combate aos
incêndios florestais.
Estas notícias das boas intenções, tal como vêm a público, mais parecem o
corolário de uma estratégia ZERO, a designação dos míticos Mitsubishi A6M,
muito usados em operações kamikaze.