É certo que, por
agora, estão em análise apenas os números relativos à primeira fase de
candidaturas ao Ensino Superior Florestal, todavia pela redução nos últimos
anos da oferta, parece evidente uma capitulação. Nem mesmo as alterações
recentemente realizadas nas designações dos cursos parecem salvar a honra do
convento.
Os números
disponíveis na primeira fase de candidaturas ao Ensino Superior, apontam para o
preenchimento de 3 vagas, num total de 20 disponíveis, no curso de Engenharia
Florestal e dos Recursos Naturais, do Instituto Superior de Agronomia, na
Universidade de Lisboa, de mais 3, do total de 21 em oferta, no curso de
Ciências Florestais, da Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias, na
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e finalmente de 4, numa oferta
total de 24 vagas, na Escola Superior Agrária de Coimbra, no Instituto
Politécnico de Coimbra. Ou seja, apareceram até agora 10 candidatos para um
total de 65 vagas em oferta.
Acresce o facto de,
até há alguns anos atrás existirem outros estabelecimentos do Ensino Superior
Politécnico com oferta formativa nesta área, que hoje desapareceu por ausência
de procura.
Ou seja, o Ensino
Superior Florestal parece ter sido acometido da enfermidade que vem assolando
as florestas em Portugal: o desinteresse da Sociedade.
Todavia, as
Universidade e Instituto Politécnicos têm responsabilidades superiores na atual
situação. Ou não têm conseguido ver, ou insistem em não ver, as florestas e a
atividade florestal numa perspetiva correta, sendo incapazes de apontar caminhos
coerentes para o futuro, ou claudicaram de intervir, quer a nível interno, mas
também no plano externo, com destaque para a área da Lusofonia, na valorização
do seu papel no desenvolvimento florestal. A apatia não gera credibilidade, não
motiva a procura pelas áreas profissionais associadas às florestas.
Depois do
desaparecimento de ofertas em Bragança, em Castelo Branco ou em Beja, iremos
assistir ao desaparecimento futuro dos cursos lecionados em Lisboa, Vila Real
ou Coimbra?
A situação atual das
florestas e do setor florestal português evidencia a carência, no terreno e nos
centros de decisão, de profissionais com qualificações superiores no domínio da
engenharia e das ciências florestais. Mais, no seio da Lusofonia existe uma
enorme carência de profissionais neste domínio de intervenção.
A aposta do Ensino
Superior Florestal não pode assentar numa estratégia de retirada, no jogar á
defesa, ou melhor na defesa passiva, tendo presente que a melhor defesa é o
ataque. Em todo o caso, a defesa pelo ataque tem de ter em conta as características
associadas à posse das florestas, não é correto remar contra, mas antes remar
em conjunto.
As florestas têm de
ser negócio, sobretudo em Portugal, onde ela está esmagadoramente na posse de
famílias. Nas definições dos contornos dos vários negócios possíveis é
fundamental a presença do Ensino Superior Florestal, em especial nas
atribuições que detém no domínio da Investigação e Desenvolvimento.
A presença em campo
(em sentido lato), mais ainda quando for assegurada a sua visibilidade, é
essencial para alterar a procura face à oferta disponibilizada pelo Ensino
Superior Florestal. O Ensino Superior Florestal também é negócio, mesmo o
Público, mas para garantir negócio há que ser visto.
A Ordem dos
Engenheiros poderia ter neste domínio um papel de destaque, mas insiste em
assobiar para o lado. Não parece estar à altura do desafio de mudança.
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