Tendo presentes as recentes
declarações do Presidente da AIMMP numa entrevista da RTP, as indústrias das
madeiras e do mobiliário são representadas em Portugal por cerca de 5 mil
empresas, desde as serrações, as carpintarias, as de fabrico de painéis ou de
mobiliário.
Dos quase 100 mil
postos de trabalho que o setor silvo-industrial português absorve atualmente,
cerca de 55 mil são suportados pelas indústrias da madeira e do mobiliário.
Das mil serrações
existentes há alguns anos em Portugal, restam hoje pouco mais de três centenas.
Associemos, de forma
muito sucinta, estas indústrias à evolução das florestas e do peso do setor silvo-industrial
em Portugal nos últimos anos:
Quanto às florestas, o país evidencia
um fenómeno de desflorestação, perda de área florestal em contraciclo com a
União Europeia. Perdemos recentemente mais de 150 mil hectares. No que respeita
ao pinhal bravo, ao longo das últimas três décadas a área ocupada por esta espécie reduziu-se em quase 400 mil hectares. Esta é de longe a
espécie mais representativa no abastecimento às indústrias das madeiras e do
mobiliário. A incúria trespassa decisores políticos, a Administração e os
agentes privados.
O declínio não é evidente apenas ao
nível dos espaços florestais, no emprego no setor a situação é elucidativa. Os
quase 100 mil postos de trabalho hoje evidenciados, são uma amostra do que o
setor revelou no passado. Na década de 90 foram contabilizados mais de um
quarto de milhão de postos de trabalho.
A evolução nas exportações é um
reflexo da perda de destaque das indústrias das madeiras e do mobiliário na
economia nacional. Atualmente, o setor silvo-industrial nacional representa cerca
de 9,5% das exportações nacionais. As exportações do setor florestal no passado
recente atingiram os 12% do total nacional. Podemos ter hoje no setor
silvo-industrial o segundo maior exportador nacional (o Grupo Portucel Soporcel), todavia exportamos muito
menos. Compensará só por si este segundo posto?
A evolução do peso do setor silvo-industrial
no Produto Interno Bruto (PIB) é revelado no gráfico abaixo. Se é evidente um
decréscimo do peso das florestas, a perda é contudo bem mais acentuada na
indústria. Será de pôr em causa a estratégia de desenvolvimento florestal
seguida pelo País nas últimas décadas?
Não será difícil concluir que, apesar
da importância da fileira da cortiça, do crescente peso da indústria papeleira,
não são estas que fazem a diferença no emprego, no desenvolvimento florestal,
nas exportações de maior valor acrescentado ou no peso do setor no PIB. Haverá
portanto decisores políticos a servir interesses ou a necessitar de óculos.
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