É
ideia generalizada que os negócios de sexo e drogas, a par de uns outros mais
ou menos legalizáveis, são altamente lucrativos, com rácios de vendas por
trabalhador obscenos.
Mas,
e no negócio papeleiro? Não deixa de ser curioso constatar o facto de, em 2011,
uma empresa do sector papeleiro ter conseguido um dos maiores rácios de volume
de vendas por trabalhador em Portugal. Seria interessante compará-lo com os
rácios atingidos nos dois outros negócios citados, que passaram, entretanto, a
contribuir igualmente para o cálculo do PIB.
Não
deixa de ser curioso que a Soporcel Pulp – Sociedade Portuguesa de Celulose, S.A.
(posição 111, na listagem das 1.000 maiores empresas em
Portugal) tenha atingido um rácio de vendas por trabalhador superior a 200
milhões de euros. Reforça-se: a Soporcel
Pulp atingiu em 2011 um rácio de vendas por trabalhador superior a 200 milhões
de euros. Não haverá muitos negócios, no planeta Terra, com tão elevada “eficiência”.
Talvez só mesmo em offshores ou em
negócios associadas a atividades imorais e criminosas.
Nesse
mesmo ano, 2011, uma outra empresa do sector florestal português, a Amorim
& Irmãos (posição 113) ficou longe sequer os 200 mil euros de vendas por
trabalhador, sendo que, em volume de vendas, nesse mesmo ano, só ficou cerca de
4 milhões de euros abaixo da dita Soporcel. No que respeita a volume de
emprego, uma declarou acima de 1.000 trabalhadores, a outra apenas… 1 (um) posto
de trabalho. Negócios da China? Claramente, de um certo Portugal!
O
tratamento em exclusivo do ano de 2001 justifica-se no facto de neste ter
ocorrido uma mudança de ciclo político. Fica, no entanto, o desafio de análise
de anos anteriores e posteriores, nos quais importa aferir do peso dos vícios
associados ao denominado “arco da governação”. Vícios esses que se presumem
atualmente em fase de aparente hibernação (isto apesar de um final de outono quente).