Poderiam ter sido escolhidos outros
animais da quinta, mas penso que os galináceos servem para exemplificar os
problemas essenciais das florestas em Portugal.
Num primeiro exemplo, recorramos ao “ovo”
e à “galinha”:
Alguns decisores políticos, alguns
empresários e gestores e alguns outros comentadores têm feito nestas últimas décadas
a apologia dos bons “ovos” que se produzem em Portugal a partir das nossas “galinhas”.
Os “ovos” de superior qualidade. Os “ovos” dourados até, que se exportam para
mais de uma centena de países. É certo, temos de facto “ovos” de superior
qualidade face a concorrência, alguns são praticamente únicos. Todavia, as “galinhas”
definham, são simultaneamente sobre-exploradas e abandonadas, são consumidas
pelas chamas. Quem se aproveita dos “ovos”, desdenha as “galinhas”. Certo é
que, num futuro mais ou menos próximo, sem “galinhas” há que procurar “ovos”
noutras quintas. Aliás, não é de hoje a necessidade de trazer “ovos” de fora da
quinta. Quem precisa dos “ovos” não estranhará, já se foi habituando, mas quem
possui as “galinhas” irá empobrecendo.
No segundo exemplo, utilizemos os “ovos”
e os “cestos”:
È conhecido o facto de muitas das
nossas quintas terem pouco espaço para os “cestos” e, como pequenas que são, produzirem
poucos “ovos”. Assim sendo, há grande dificuldade, em muitas delas, em não
colocar os poucos “ovos” apenas num único “cesto” disponível. Esta é uma
reconhecida fragilidade face aos mercados que, unilateralmente, definem os
preços a pagar pelos “ovos”. Se as quintas não partilharem entre si os vários “cestos”
(destinados diversos), para irem colocando os seus “ovos”, dificilmente
subsistirão ou auferirão rendimentos aceitáveis, que viabilizem as suas quintas.
Se no primeiro caso há que estimular
a parceria entre o dono da “galinha” e quem quer os “ovos”, no segundo há que incentivar
á gestão conjunta das quintas, para partilha dos “cestos” e assim maximizar a valorização
dos “ovos”.
Não é difícil, assim haja vontade,
ou seja menos egoísmo.