quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Afinal, é para limpar ou não?

Tem sido notícia em vários Órgãos de Comunicação Social. Um agricultor em Montesinho pode vir a pagar uma coima de até 85 mil euros por ter limpo a sua propriedade.


Apetece por isso perguntar: Afinal, é para limpar ou não?

A pergunta aqui não é para técnicos, que têm a obrigação de identificar os tipos de limpeza florestal e as formas de como a concretizar.

A pergunta é para os "politiqueiros" e "comentadeiros" cá da praça.

Talvez as mensagens que emanam não sejam feitas da melhor forma. Afinal, até os "bons gestores", identificados por  tais "politiqueiros" e "comentadeiros", comentem destes erros (ver), ou seja, de quando em vez também maltratam as espécies protegidas por lei.

O que interessa aqui perguntar é se, por si só, a legislação protecionista salva espécies e ecossistemas. Menciona o agricultor, "Não ia a cortar os castanheiros e a deixar a azinheira, dão mais rendimento os castanheiros do que a azinheira e eles se não sabem isso que o aprendam". Tem toda a razão.

Para proteger, ao Estado não bastam as publicações em Diário da República ou ter uns (apesar de tudo, poucos) fiscais de campo. Tem de se exigir muito mais: a disponibilização de meios para o apoio técnico, a criação de oportunidades de negócio, também para as espécies ou ecossistemas protegidos, quanto mais não seja pelo pagamento de serviços ambientais. Só a publicação de leis e a presença de fiscais não é aceitável, não é benéfico para o território, para as populações rurais que nele habitam, nem para as próprias espécies e ecossistemas que se pretendem proteger.

Em todo este lamentável episódio, será mais sancionável a atitude do agricultor, na proteção da sua propriedade (e a dos vizinhos) contra os incêndios, ou a atitude de um Estado minimalista e que não cumpre as suas responsabilidades?


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