sábado, 4 de outubro de 2014

Assunção pela floresta

Na sequência da demissão de mais um secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, o segundo nesta legislatura, Assunção Cristas informa que vai assumir a tutela das florestas. Mas, será que nunca a deixou de assumir?


Efetivamente, foi a ministra que protagonizou todos os eventos propagandistas que o Governo assumiu no domínio das florestas. Sempre que havia máquina fotográfica e câmara de filmar, lá estava a ministra, uma espécie de propagandista de boas intenções. Todavia, nas épocas de incêndios de 2012 e 2013 foi a banhos, desapareceu do mapa mediático.

Mas, quais são as boas intenções do consolado da ministra Assunção Cristas?

  • Um diploma legal que garante à perpetuidade os preços baixos à produção de rolaria de eucalipto (o DL n.º 96/2013 ou Diploma Portucel).
  • A garantia do funcionamento dos mercados em concorrência imperfeita (a anunciada plataforma de acompanhamento dos mercados segue para promessa eleitoral).
  • A persistência numa Estratégia Nacional que nada tem de "defesa da lavoura e dos contribuintes" (o lema de campanha do seu partido). Ainda por cima baseada num diagnóstico do seu antecessor Jaime Silva (nem isso conseguiu atualizar).
  • A contínua proliferação de pragas e de doenças pelos espaços florestais (a sanidade ocupa um vão de escada no Ministério).
  • O gravíssimo problema de escassez de matéria prima para a indústria de maior valor acrescentado agudizou-se.
  • Assiste-se ao fomento de negócios financeiros, de retorno rápido, associados ao esgotamento dos recursos florestais, já que não está prevista no seu seio, ou não é garantida pelo Estado a renovação de tais recursos.
  • Um cadastro rústico cuja conclusão foi remetida para comissão faz-que-torce.
  • Um "nim" quanto aos PROF e ao PNDFCI (ou sim, ou sopas, o deixa andar é que não é politicamente aceitável).
  • A liquidação dos Serviços Florestais do Estado, quando estes são cada vez mais essenciais ao desenvolvimento das florestas (esmagadoramente privadas e carentes de apoio técnico).

Ou seja, a ministra vai agora revelar-se de corpo inteiro, sem subterfúgios. Veremos assim que, no fundamental, não será mais do que foi Jaime Silva.

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