A empresa que já foi pública, que agora é privada, mas da qual, na
verdade, não deixámos ser acionistas, dos que só contribuem, enfrenta um
processo por dumping nos Estados
Unidos.
Não fosse esta mesma empresa tida como o paradigma do
desenvolvimento do setor florestal português e nada haveria de grave. Apenas o
caso de uma empresa portuguesa (ou holandesa?) que está no mesmo enquadramento
de congéneres chinesas e indonésias. Mas o caso torna-se mais grave quando a
pressão desta empresa dita as medidas de política florestal em Portugal, ou
quando determina unilateral e protegidamente os preços à oferta, ou quando
recebe milhões de euros por ano por isenção de cobrança de impostos devidos ao
Orçamento, ou quando aufere subsídios públicos. No caso, o impacto das suas
decisões de gestão afetam-nos a todos.
A confirmarem-se as práticas condenáveis nos Estados Unidos, será
que podemos confiar nas práticas a que a empresa sujeita os seus stakeholders em Portugal? Se as mesmas
forem abusivas para com seus os fornecedores, em concreto aqueles que detém
áreas com cultura de eucalipto, não somos nós contribuintes e cidadãos em geral
a aparar os danos? Convém que pensemos nisso. Já somos acionistas à força, mas
para sermos seguradores temos de receber o respetivo prémio de seguro. Este
último parece muito longe de ser vislumbrado.
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