domingo, 12 de fevereiro de 2017

As exportações de pasta e papel: qual o seu valor líquido?

Somos sistematicamente “informados”, nos discursos políticos, empresariais e na Imprensa “económica”, da importância do sector papeleiro no valor (bruto) das exportações nacionais. Mas, e se esse valor bruto for convertido em valor líquido?. Ou seja, se ao valor bruto dos anúncios mediáticos forem deduzidos os encargos com:


  • as importações de matéria prima (no caso das lenhosas, maioritariamente para controlo dos preços à produção nacional?
  • as avultadas consequências sociais, ambientais e económicas decorrentes da propagação dos incêndios, com forte peso nas plantações de eucalipto, e da proliferação, sem controlo, de pragas e de doenças a estes associadas, bem como com a "importação" de agentes bióticos exóticos para as combater (consequência da imposição de preços à oferta, com efeito na má gestão das plantações de eucalipto em Portugal)?
  • a depreciação da paisagem, da biodiversidade, dos solos e dos recursos hídricos (nomeadamente, os decorrentes dos impactos associados aos incêndios e ao seu crescente peso no eucaliptal)?
  • a contração do rendimento da silvicultura, do peso da atividade florestal na economia e, sobretudo, do peso da indústria florestal no PIB, bem como da forte contração do emprego no sector (fruto da opção pela aposta politica no protecionismo a esta indústria)?
  • o elevado risco social decorrente da expansão exponencial de uma oferta de elevado risco associado à presença do eucaliptal, em especial junto de populações rurais com menores meios de proteção?
  • a carga poluente associada às emissões atmosféricas e para o meio aquático decorrentes da atividade fabril de produção de pasta celulósica em Portugal, com lugar de destaque na lista da Agência Europeia de Ambiente e na Imprensa e blogosfera nacionais?
  •  as centenas de milhões de euros em benefícios fiscais e em apoios financeiros diretos e indiretos do Orçamento do Estado, mesmo que decorrentes da contraparte de subsídios comunitários, à indústria papeleira? Só em dois meses, os anúncios de apoios públicos a esta indústria aproximam-se já da meia centena de milhões de euros.


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