quarta-feira, 31 de maio de 2017

O ministro da Agricultura quer recuperar 150 mil hectares numa década


Mas, para quê esperar tanto tempo? Pode consegui-lo num abrir e fechar de olhos!

Na verdade, segundo um artigo hoje publicado no jornal Público, basta mudar de entidade de inventário às florestas.

Assim, em vez de contratar o inventário florestal ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), pode passar a partilhar os objetivos, as especificações técnicas, a base metodológica e os conceitos utilizados pela Direção Geral do Território (DGT).

Com efeito, de acordo com um estudo recente da DGT, a área ocupada pelo pinheiro bravo em 2010 seria de 1.100 mil hectares, em vez dos 714 mil hectares referenciados na altura pelo inventário do ICNF. Já a área de eucalipto registada pela DGT em 2010 é de 848 mil hectares, contra os 812 mil hectares inventariados pelo ICNF.

Ora, só na diferença entre estas duas espécies, referenciadas a 2010, a área de florestas “recupera” bem mais do que os 150 mil hectares. Feito! Objetivo mais do que cumprido!

Nem uma década passou.



terça-feira, 23 de maio de 2017

O reverso da medalha

Portugal possui, felizmente, um vasto leque de motivos de orgulho, seja no que respeita  ao fabuloso território, seja no que diz respeito à maioria da suas gentes.

Mas, tem também o reverso da medalha. Entre outros aspetos, aponta-se aqui o de uma indústria papeleira que prima por evidenciar elevados índices de poluição, seja no plano industrial, seja no da ocupação do território, no próprio e no alheio, mas a partir do qual garante o seu abastecimento. Pior, tem tido o suporte politico necessário à proteção de uma situação de sequestro dos mercados. As consequências têm sido cada vez mais desastrosas. Nada tem obstado a que sejam cada vez piores.


No plano industrial, as unidades fabris da indústria papeleira ocupam lugares destacados nos rankings nacionais de poluição atmosférica e para o meio aquático. No plano do território, a espécie exótica que garante a sua subsistência foi em 1996 responsável por 3% da área ardida em Portugal, em 2016 essa percentagem chegou aos 40%. Mas, cingindo-nos apenas à área de povoamentos florestais, a percentagem de plantações de eucalipto na área ardida foi, respetivamente, de 13% e 70%. Pode até ser mais baixa em 2017, mas nada parece contrariar a tendência de crescimento exponencial.

Afinal, face a outras alternativas de ocupação do território (que as há e felizmente muito variadas), qual o valor líquido das exportações de pasta e papel face ao valor potencial líquido dessas outras opções. Será que não tem sido a proteção governamental à indústria papeleira que tem inviabilizado essas outras alternativas. Uma passagem de 3% para 40% de peso do eucaliptal na área ardida em Portugal evidencia uma urgente necessidade de aposta em alternativas.