quarta-feira, 16 de julho de 2014

Estratégia kamikaze

De início importa mencionar a nossa profunda convicção de que nunca será no combate que a problemática dos incêndios florestais será adequadamente atenuada. O histórico das estatísticas assim o comprova.

A causa da problemática associada aos incêndios está nas florestas, concretamente no uso que delas fazemos (ou não fazemos), na forma como estão organizados os seus detentores e como se comportam os demais agentes nas fileiras silvo-industriais, ou melhor, na forma como funcionam os mercados.

Neste domínio, a que se pode abreviadamente designar por prevenção, a intervenção política ao longo das últimas décadas, com os últimos três anos incluídos, tem sido deprimentemente medíocre.

Todavia, tal facto não obvia a uma análise ao comportamento político também na área do combate aos incêndios florestais. Vejamos aqui especificamente o caso dos meios aéreos.

São históricos os avanços e recuos na utilização de equipamentos militares no combate aos incêndios florestais. O caso dos helicópteros Puma, nos anos mais recentes, é uma triste ilustração. Ora viável, ora inviável, acabou por cair de podre.

Ao longo dos anos, os concursos para aluguer pelo Estado de meios aéreos para combate aos incêndios florestais têm também evidenciado situações caricatas.

Mas, ultimamente a situação resvala para o ridículo.

Por um lado, o ministro Miguel Macedo anuncia a intenção do governo na aquisição de aviões Canadair (já dizia o diplomata americano que, nós por cá gostamos de brinquedos caros).


Por outro, o ministro Aguiar-Branco faz saber das suas “conversas exploratórias” com a Airbus para a adaptação, em projeto a desenvolver em conjunto com a Força Aérea Portuguesa, dos C-295 ao combate aos incêndios florestais.


Estas notícias das boas intenções, tal como vêm a público, mais parecem o corolário de uma estratégia ZERO, a designação dos míticos Mitsubishi A6M, muito usados em operações kamikaze.