terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O facilitismo, quicá interesseiro.

Em maio de 2012 ocorre uma estranha coincidência (estranha?). Ao mesmo tempo que uma grande empresa industrial de produção de pasta celulósica e de papel comunica publicamente que faz depender a criação de 15 mil postos de trabalho de 40 mil hectares de eucaliptal, o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT), através do recém criado Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), coloca em discussão pública uma proposta de alteração legislativa para facilitar a cultura do eucalipto, com destaque para as regiões do País onde domina o minifúndio.

O milagre de 15 mil postos de trabalho ficou sem calendário definido, mas os 40 mil hectares de eucalipto assumiram prioridade governamental. Como iriam ser criados os 15 mil postos de trabalho também não foi justificado, mas os 40 mil hectares de eucalipto mereceram imediata proposta de alteração legislativa por parte do MAMAOT. Mais, recentemente parece colocar-se a possibilidade de parte desses 40 mil hectares poderem virem a incluir os perímetros de rega (ditos abandonados, quiçá devido a desleixo político).

Recordando a iniciativa "Vamos Plantar Portugal", divulgada pela ministra em finais de 2011, como estratégia florestal do governo, com uma árvore plantada por cada português, considerando um valor médio de 1.000 plantas por hectare e cerca de 10 milhões de habitantes, seria possível plantar apenas mil hectares. Ora, com a iniciativa de alteração legislativa de maio, será possível considerar 40 eucaliptos por português, isto para se atingirem os 40 mil hectares, ou seja, em resultado a ministra consegue multiplicar por 40 a sua pomposamente, porque foi até ao Gerês para o fazer, anunciada iniciativa.

Parece que é assim que se faz política florestal por cá.