quarta-feira, 14 de maio de 2014

A floresta vista a partir da quinta

Poderiam ter sido escolhidos outros animais da quinta, mas penso que os galináceos servem para exemplificar os problemas essenciais das florestas em Portugal.

Num primeiro exemplo, recorramos ao “ovo” e à “galinha”:

Alguns decisores políticos, alguns empresários e gestores e alguns outros comentadores têm feito nestas últimas décadas a apologia dos bons “ovos” que se produzem em Portugal a partir das nossas “galinhas”. Os “ovos” de superior qualidade. Os “ovos” dourados até, que se exportam para mais de uma centena de países. É certo, temos de facto “ovos” de superior qualidade face a concorrência, alguns são praticamente únicos. Todavia, as “galinhas” definham, são simultaneamente sobre-exploradas e abandonadas, são consumidas pelas chamas. Quem se aproveita dos “ovos”, desdenha as “galinhas”. Certo é que, num futuro mais ou menos próximo, sem “galinhas” há que procurar “ovos” noutras quintas. Aliás, não é de hoje a necessidade de trazer “ovos” de fora da quinta. Quem precisa dos “ovos” não estranhará, já se foi habituando, mas quem possui as “galinhas” irá empobrecendo.

No segundo exemplo, utilizemos os “ovos” e os “cestos”:

È conhecido o facto de muitas das nossas quintas terem pouco espaço para os  “cestos” e, como pequenas que são, produzirem poucos “ovos”. Assim sendo, há grande dificuldade, em muitas delas, em não colocar os poucos “ovos” apenas num único “cesto” disponível. Esta é uma reconhecida fragilidade face aos mercados que, unilateralmente, definem os preços a pagar pelos “ovos”. Se as quintas não partilharem entre si os vários “cestos” (destinados diversos), para irem colocando os seus “ovos”, dificilmente subsistirão ou auferirão rendimentos aceitáveis, que viabilizem as suas quintas.


Se no primeiro caso há que estimular a parceria entre o dono da “galinha” e quem quer os “ovos”, no segundo há que incentivar á gestão conjunta das quintas, para partilha dos “cestos” e assim maximizar a valorização dos “ovos”.

Não é difícil, assim haja vontade, ou seja menos egoísmo.