sexta-feira, 11 de julho de 2014

Estado financia eucaliptais

Ao contrário do que muitos poderão pensar, o Estado Português financia investimentos com espécies e rápido crescimento, concretamente com eucalipto.

O PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural – Continente) regista o financiamento público em pelo menos 17 mil hectares de eucalipto entre 2007 e 2013. Esta área de intervenção corresponde a cerca de 46% da diminuição da área de eucaliptal sob gestão das empresas da indústria papeleira, ocorrida entre 2002 (de 188.895 ha) e 2007 (para 151.650 ha).

Pressupondo que o desinvestimento em área de eucaliptal por parte das empresas da indústria papeleira se justificou em critérios de natureza financeira (IFRS ou IAS plus), será que o investimento posterior, aprovado para financiamento público pelo PRODER, se terá baseado nesses mesmos critérios? Se não for um investimento financeiramente interessante para a gestão por empresas industriais, com as economias de escala subsequentes, será que os investimentos apoiados por fundos públicos são todos financeiramente rentáveis para a gestão por famílias ou sociedades familiares?


O crescente abandono da gestão de áreas de eucaliptal tem sido mencionado por especialistas. Mesmos não sendo todos especialistas, os portugueses conhecem bem os resultados do abandono da gestão em áreas de floresta.

Importa pois esclarecer se este financiamento público a uma espécie de crescimento rápido, a par do demais financiamento a outras intervenções com as demais espécies florestais, gerará retorno económico, mas também social e ambiental à Sociedade. Ou se, porventura, será gerador de mais focos de problemas para o futuro.

Por outro lado, o financiamento pelo PRODER a intervenções em eucaliptais terá em conta apenas um uso específico (a produção de rolaria para celulose), ou poderá ser destinada a outros mercados (produção de madeira para serrar, ou produção de biomassa para energia)? As potenciais variantes de utilização da madeira de eucalipto foram evidenciadas na análise aos projetos de investimento?

Ou seja, continuará o Estado Português a proteger a colocação de todos os ovos num só cesto (a produção de rolaria para celulose), ou criará oportunidades para outros cestos para a madeira de eucalipto, potenciando assim a concorrência e a melhoria dos preços pagos à produção, com reflexos evidentes no custeio de uma gestão florestal que se exige ativa, profissional e sustentável?